Dias desses li que o cartunista Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica, ouviu a seguinte frase quando começou a elaborar seus desenhos: “Para com isso que não vai te dar futuro”.
Quão infeliz foi essa frase, pois justo um cartunista se tornou membro da Academia Paulista de Letras e pai de personagens marcantes das histórias em quadrinho no Brasil, responsável pela alegria de gerações e gerações.
Diante disso, fiquei me perguntando o que é que pode nos dá futuro na vida:
Será que é responder as expectativas dos pais?
Escolher uma carreira em função apenas dos rendimentos monetários?
Fazer os mesmos caminhos de sempre?
Cumprir com o papel socialmente esperado para responder as necessidades dos outros?
Tentar se enquadrar em padrões de beleza, estética, negando a si próprio?
Será que é construir um império as custas da sustentabilidade da natureza?
Será que é acumular para sentar no trono do Ter?
Será que é partindo do fora para chegar no dentro?
Nada me convence que essas assertivas do mundo em que vivemos são capazes de manter o futuro de alguém com saúde, paz, felicidade e força para seguir adiante.
Não consigo aceitar que para ser feliz preciso renunciar meus valores, esquecer meus dons, sabotar a mim mesmo, temer à Vida, acreditar na privação e me perder naquilo que é transitório.
Não consigo imaginar um futuro com o mínimo de saúde se estou hoje desconectado daquilo que me dá vida e sentido, que arrepia meu coração, porque preciso responder a algo ou alguém fora de mim.
Sábio e admirado Mauricio de Sousa que talvez tenha seguido sua vocação, acreditou em seus sonhos, persistiu e venceu. Se foi fácil ou difícil eu não sei, cada história tem seu enredo. Para uns mais simples, para outros mais complexos.
Se futuro é aquilo que chegamos porque temos o presente, não se pode tê-lo se o que faço hoje mata gradativamente minha capacidade de viver.