Quando comecei escrever a caneta tinha entre 10 e 11 anos de idade. Nessa época, os cadernos mudaram, não havia mais visto da professora, ganhei espirais, me senti livre para escrever do jeito que quisesse.
Contudo, escrever a caneta exige olhar para os rabiscos, perceber os descontornos, reescrever e mesmo que se use o corretivo, sobre a folha ficará a tentativa do acerto.
Não diferente, escrever a vida à caneta não requer acertar sempre, ter a letra mais bonita, o caderno mais impecável.
Escrever a vida é ser autônomo de sua própria prosa e verso, ser responsável pelo que expressa, saber perdoar a si mesmo diante do desacerto e sabê-lo necessário para o aprimoramento.
Escrever a vida é reverenciar o dom que nos habita e ser autodidata pelo exercício do autoconhecimento.